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Dos dois estúdios que desenvolvem os jogos da franquia "Call of Duty"
para a Activision, a Infinity Ward e a Treyarch, esta última é
considerada pelos fãs por fazer os piores jogos da série. Afinal, os
títulos "Modern Warfare" são superiores em termos de visual, narrativa e
partidas on-line do que "World at War" e o primeiro "Black Ops", mesmo
com este título superando as expectativas de vendas.
Mas em "Call of Duty: Black Ops II", a Treyarch tinha a obrigação de se
superar, criando um game acima do esperado, após o sucesso de "Modern
Warfare 3", de 2011. E conseguiu.
Não só o game tem o melhor visual de um jogo da franquia - o que não é
nada de espetacular - mas tem a melhor história, o melhor modo de
partidas on-line, as melhores armas e cenas de ação de toda a série. E
tudo isso está amarrado à narrativa de que pequenos eventos que
acontecem na vida de uma determinada pessoa no passado podem mudar os
rumos da história no futuro.
História de filme
Para contar uma história com um arco que passa pelas décadas de 1970 e
1980 e termina em um confronto futurista em 2025, com armas aprimoradas e
uma tecnologia nunca antes vista, a produtora teve que criar
personagens convincentes que conseguissem interagir com os heróis do
título anterior. A forma como o enredo se desenvolve e se entrelaça para
o final do jogo abre um novo leque de opções para a franquia "Call of
Duty" usar nos próximos jogos.
Há tudo o que o fã de jogos de tiro espera de uma campanha. Cenas de
ação, muita violência (no Brasil, o jogo não é recomendado para menores
de 18 anos), acidentes de carro, grandes explosões e confrontos épicos
com muito tiroteio. Mas, como era de se esperar, a história é bastante
curta e em poucas horas este modo pode ser concluído.
As cenas de corte contam mais sobre a história, que envolve uma nova
Guerra Fria, desta vez entre Estados Unidos e China, e a alta tecnologia
da época, que inclui robôs e aviões modernos e o uso de elementos
atuais como Twitter, Facebook e Youtube para que a célula criminosa
pudesse espalhar seus ideais pelo mundo.
O rosto dos personagens computadorizados está convincente, passando
emoção nos diálogos, e ajuda a contar a história que começa na década de
1970. A Treyarch tomou o cuidado de mostrar os dois lados do conflito,
dos terroristas e de quem deve nos defender, Por isso, há momentos em
que o jogador vê toda a dor de Raul Menendez, o grande vilão, e vemos
personagens do título anterior, contando detalhes de missões passadas e
os motivos de o mundo estar em guerra mais uma vez. Você o vê criança,
adolescente e velho, quando ele executa o plano maligno da sua vida.
E a dublagem em português veio para ajudar a compreender melhor o
enredo complexo. As vozes são conhecidas de filmes e seriados de TV e,
diferentemente do que foi visto em outros games, ela é bastante
competente. Embora o uso de certas palavras possa soar estranho para os
nossos ouvidos, a carga emocional passada, as ordens no meio do tiroteio
e as conversas mais emotivas estão muito próximas da versão original.
Há opções ao longo do jogo que moldam seu final. Seguir por um caminho
determinado ou realizar determinados objetivos secundários nas missões
pode abrir novos rumos do enredo ou até fazer com que um personagem
fique vivo. E até chegar nestes momentos, há muito tiroteio.
Com o game rodando a 60 quadros por segundo, mirar e atirar é preciso,
fácil e gratificante. Usar uma arma e atingir o alvo à distância está
ainda melhor. Dependendo da época em que a missão ocorre as armas são
diferentes. No século passado o jogador utiliza armamentos clássicos da
série e, no futuro, as armas são melhores, e usam tecnologia para
visualizar os alvos - os inimigos usam mantos de invisibilidade - e há
munição que atravessa as paredes.
O controle de veículos ou do cavalo - há uma fase que você deve
enfrentar inimigos montado em um - é fácil, mas não acrescenta em nada
na aventura. Menos mal, o tempo que se passa neste modo é curto.
Uma novidade na série foi a introdução das missões Strike Force, na
qual o jogador deve comandar um pelotão composto por soldados, robôs e
aeronaves. A ideia é boa no papel, mas na prática, não funciona tão bem.
Você pode selecionar a unidade a ser controlada e também dar ordens
para ela, observando tudo de cima. Mas é muito mais fácil poder encarnar
um soldado e eliminar todos os adversários do que ficar dando ordens.
Entretanto, se houver um balanço e um modo de controle melhorado para
este modo, certamente ele pode ser tornar mais popular, principalmente
ao se jogar cooperativamente ao lado de amigos.
Modo on-line
O melhor da série "Call of Duty" está no modo on-line, que volta ainda
melhor em "Black Ops II", a começar pelo retorno de um dos melhores
mapas dos jogos de tiro on-line, o Nuketown, uma pequena área para
testes nucleares. No novo game, ela retorna exatamente com o mesmo
design - duas casas em locais opostos com ônibus e caminhões entre eles
-, mas com visual "retrô-futurista" e o nome de Nuketown 2025. Este
extra está nas versões adquiridas em pré-venda do jogo.
Os fãs podem jogar este mapa o quanto quiserem, já que o game muda
apenas o modo de jogo entre todos os disponíveis: mata-mata em equipe,
contra todos (death match, em inglês), capture a bandeira, dominação,
quartel-general e, um dos melhores, o baixa confirmada. Neste último,
além de ter que matar os adversários, recebendo 50 pontos, é necessário
pegar "dogtags" que eles deixam no chão para "confirmar a baixa" caso um
colega de equipe pegue a dogtag do adversário morto, os pontos são
divididos. Se um colega seu morrer e você pegar a "dogtag" dele, que
fica vermelha, recebe-se 25 pontos - e os adversários perdem o restante
da pontuação.
O restante dos mapas se mantém eficiente como os de "Black Ops" e de
"Modern Warfare 3", com espaço suficiente para confrontos imparciais
entre as equipes, locais para se proteger e a possibilidade de, caso o
jogador tenha uma equipe de saiba jogar organizadamente, de conseguir
criar emboscadas e táticas para vencer. A cada eliminação, vitória ou
derrota, o jogador aumenta de nível, abrindo uma série de opções a serem
configuradas.
O uso de armas aumenta o nível delas, permitindo colocar acessórios
como lentes para mirar à distância, espingardas e lança-granadas. Há as
habilidades do jogador que permitem resistir à explosões, correr por
mais tempo, sumir dos radares etc. Cada uma destas opções custa um
ponto, que é recebido quando o jogador realiza uma determinada tarefa ou
aumenta de nível, criando inúmeras possibilidades de configurações das
Classes para as partidas. Há novos elementos que é possível comprar que
permitem usar três acessórios ao mesmo tempo na arma, por exemplo.
O modo Zumbi, em que o jogador enfrenta Zumbis, está de volta. É
possível participar do modo de sobrevivência, em que, ao lado de um
amigo, deve-se eliminar ondas de zumbis que chegam cada vez mais fortes.
Mas, como um todo, este modo parece mais uma aventura.
Há mais espaço para percorrer e há mudanças de cenários e locais que
você deve defender por um determinado tempo, aumentando a vida deste
modo.
Embora seja superficial, este modo de jogo complementa toda a
experiência de "Black Ops II". Com todo o conteúdo colocado no disco, há
muito que se fazer durante os próximos 12 meses, até que o próximo
"Call of Duty" seja lançado. Mesmo com a história curta, os modos
on-line cumprem bem o seu papel de manter os fãs ocupados por horas.
Plataformas: PlayStation 3 (versão testada), Xbox 360, PC e Wii U;
Produção: Activision
Desenvolvimento: Treyarch
Jogadores: 1 a 2 (tela dividida); até 16 on-line
Preço sugerido: R$ 200
Classificação indicativa: 18 anos
Prós: história competente, muitas armas, modo on-line
consistente, controle preciso, opções de criação de classes e
configuração de armamentos, escolhas do jogador no modo história.
Contras: campanha curta, falta de informação do que fazer em algumas missões, modo Strike Force.