Uma pesquisa da Nielsen divulgada em fevereiro deste ano nos Estados Unidos revelou que sete em cada dez crianças menores de 12 anos, que têm um tablet em casa, usam o aparelho. Conforme o estudo, 77% dessas crianças utilizam o dispositivo para jogar games, enquanto 55% recorrem ao tablet como forma de entretenimento durante as viagens.
Sophie, de 2 anos e 8 meses, ainda comete erros ao falar, mas consegue abrir um aplicativo no iPad com muita tranquilidade. O tablet da Apple pertence ao pai, Igor Gonçalves, de 44 anos. Porém, a adoração pelo aparelho já levou Sophie a chamar o iPad de “meu computador”.
Sophie, de 2 anos e 8 meses, chama o iPad do pai de 'meu computador' (Foto: Arquivo Pessoal)
“Ela pega o tablet, desbloqueia a tela, clica no ícone do YouTube e
procura os vídeos sozinha”, conta Gonçalves, que apenas mostrou a Sophie
como abrir o site de vídeos do Google. “A gente brinca que ela nasceu
com um chip. Não ensinamos nada e nem ficamos incentivando. Ela faz tudo
sozinha”, diz.Para Gonçalves, a facilidade com que Sophie usa o iPad mostra como o tablet se adequa a todos os públicos. “Ele é o futuro. Eu acredito que seu uso pode ser benéfico desde que, como pai, eu saiba controlar os tipos de aplicativos e o tempo que ela usa”. Se Gonçalves deixar, Sophie brinca no tablet durante uma hora ou até a bateria acabar.
Distração em viagens
Um iPad e um DVD portátil são itens básicos para as viagens com Enzo, de 2 anos 8 meses. “Já viajamos de avião para fora do país e o tablet é um alento, até mesmo em viagens de carro”, conta o pai, Fábio Nuno Gomes Martins, de 34 anos. “Colocamos o aparelho na frente do Enzo e ele esquece da vida”.
É possível usar a tecnologia a serviço da criança desde que o adulto seja o mediador do processo"
Marilene Proença, psicóloga
A questão hoje é administrar o uso desses eletrônicos pelas crianças, segundo Marilene Proença, psicóloga do Departamento de Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade de São Paulo (USP). “A regulação do acesso a esses aparelhos é um novo desafio para os adultos”, opina.
“É possível usar a tecnologia a serviço da criança desde que o adulto seja o mediador desse processo. Há muito conteúdo voltado a elas que os pais podem aproveitar para o seu desenvolvimento, sem deixar de lado as atividades ‘in loco’. Não é certo passar cultura apenas pelo iPad”, acrescenta Marilene.
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